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sábado, 28 de março de 2009

Tarô de Guizio


   Parte I

Caminhei sem parar
até a luz no fim do tunel
e não sei como mas,
sabia que você ia estar lá.

Afinal de contas
era justo te encontrar
já que tive a infelicidade
de muitas vezes não te encontrar.

É possivel lembrar
como fosse o dia de hoje
a brisa afagando seus cabelos
levando a tristeza pra longe.

Labaredas dançando em um par
partindo da chama da fogueira.
Deitados e de braços abertos
construindo anjos na areia.

Olhando-se profundamente nos olhos
cada qual em uma beira
sem saber se a luz vem de nossos olhos
ou se vem das chamas da fogueira.

Com a mesma paciência
que pode ter um astro orbitando.
Sabendo que pode demorar, mas
nossos corpos acabarão se encontrando.

Sem planejar acaba acontecendo.
A intantes do que é inevitável
mesmo que tentando evitar
corpos em chamas acabam cedendo.

Depois nos cobriremos austeramente
procurando na penumbra nossas roupas.
Agindo como cumplices em algo...
Procurando esconder a maçã proibida em nossas bocas.

Ao que aparenta
alguém lá em cima
não quer nos ver juntos
mas somos como imã

Nos conhecemos antes mesmo
de o mundo ser o mundo.
Mais que todos os oceânos 
nosso amor é mais profundo.

Nem ao menos sabiamos
mas você me viu e eu te ví.
Nossas almas então lembraram
do amor que você viveu e eu viví.




a praia onde cresci na foto





 Parte II

Julgados por amar fomos.
Perseguidos covardemente,
queimados em fogueiras
por uma maioria demente.

Desertos do além
juntos trilhamos.
E por muito motivos,
no além nos separamos

Enquanto você desaparecia
no imponente corpo da duna,
eu estava diante de duas trilhas
e -claro- só podia escolher uma.

E assim aconteceu
que nossos caminhos separaram.
E nos céus acima do próprio além,
muitos deuses beberam e festejaram.

Deve ser porque nos proibiram
de amar um ao outro.
Talvez tenham percebido
que nos amavamos bem mais que só um pouco.

Nos amavamos- eu e você
bem mais do que a eles.
Foi assim que começou
a relutância por parte destes seres.

Acho que quando nos fizeram
os deuses nem imaginavam 
o que na realidade
em seu tolo poderío criaram.

Fomos os filhos renegados
pois saimos de vossos úteros,
com todo o amor por parte deles
e acabamos a nós mesmos enlaçados.

De certa forma é justiça,
pois quem mandou nos fazer?
Pensam que é só querer e criar?..
Então fizeram por merecer.

Além do mais
há coisa de maior comoção
do que desafiar vontade divina
por egoísmo do coração?

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