
Nada apaga
a sensação de vazio.
O féu da garganta
afoga o que ainda vive.
Aquilo que um dia
foram belos cisnes
agonizam agora
e tem manchadas suas asas
no sangue de meu peito
que se abriu diante da navalha
à qual sua mão era portadora.
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Nada volta
nem mesmo um segundo do tempo.
Sabe-se disso com certeza
que a exatidão da ciência
não pode desmentir.
Nem mesmo uma gota
do sangue que já correu
volta a meu corpo.
E as manchas
do sangue morto
são o alimento do corvo.
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E nos confins
do vôo do negro corvo
nas confusôes e fusôes
entre eu, você, e todos
formou-se esta tragédia grega
onde não somos deuses
pois não governamos nossas vidas
e onde não somos os mortais
pois governamos outras vidas
com frases sempre impensadas
e outras frases mal compreendidas.
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Não importa agora
quantos florões atiram sobre a lápide
pois terminado está o tempo
e há os que dizem que cedo parti
e há os que dizem que fui tarde.
Declarações de amor ou sensuras
não posso ouvir daqui.
Deixem de remexer minhas entranhas
e compreendam que eu morri.
E todos os poemas agora são
de minha mortal alma o clarão.
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Que susto poeta! Bom, é que existe sempre um amanhã, um depois de amanhã... sangue e mágoa vão desnodando pela ferrugem do tempo.
ResponderExcluirAbraço nessa alma chorona.