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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Nosso blásfeo calvário"


Parte I

Santas são nossas chagas
mesmo que
quem tem de ver
de fato enxerga,
mas
quem disse que se importa?


Muitos são os ferimentos
que estenden-se
aleatóriamente
por nossos corpos.

Alguns feitos por nós mesmos.
Outros
também feitos
por nossa vontade
mas
nem sempre
por nossas proprias mãos.

Pequenas são
nossas ambições
porém,
muitas são
nossas ações.





Parte II

Ódio sentimos se
repreendidos somos.
Pois parece que
em cada um de nós
queimam
centelhas de deuses.
Pensamos ser
mais do que somos
não importando se
patrícios, plebeus ou burgueses.

Culpados são nossos pais
e
culpados são os pais de nossos pais
culpados todos nós somos e
culpados serão nossos filhos
se permitirem
que morram seus sonhos.

Santas são nossas chagas
e muitos são os ferimentos.
Pequenas são nossas ambições,
ódio sentimos
e mesmo assim,
culpados somos.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Percevejo Com a letra " A "


Cólera me cegou
Ninguém imaginava mas,
era grande a vontade de vingança
de você que procurou.

Eu não te amava
pois isso
é para os que não amam.

Meu caso
era patológico
e a gente pensa que dura,
e nem toda a doença tem cura.

O inflamar do ciúme,
a ansiedade louca,
a insanidade em seu cume...

E sem a dor íntima
E sem o ímpeto suicida
E sem chorar rios amargos
qual é a relação que é legítima?


Mas não se aproxime
com essa restante amizade
pois não é do que preciso.

Não me subestime
Não tente me ajudar , droga!
Não me reanime,
pra depois sumir de novo.

Não diga que a vida continua!
Pois quando te vejo na rua...
a cada dia que passa eu morro!..


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Marcas de um poeta

O poeta jamais morre.
Deixa sempre seu nome escrito nas estrelas.

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O poeta jamais cansa.
Ele sim, alcança.
Moídos seus ossos no moinho.
Provado no fogo.
Jogado na água.
Secularizando momentos.

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Enfatizando sonhos.
Aniquilando sentidos.
Expressando sentimentos...
Vendo ao longe,
se apressa.
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Em pensar na busca constante da
imaginação,
se entrega fácil.
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Às queimaduras da paixão,
ecoa sua voz,
transparece a alma.
Como uma espada afiada.
Medindo a garganta e a mandíbula.
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Do pó das cinzas,
faz seu cristal.
Do estandarte do horizonte,
seu vinho branco.
Do bronze do anel,
seu diadema.
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Da loucura,
uma poesia...
uma tradução...
de idiomas eloquentes,
mas, verdadeiros.
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Pois o poeta é a âncora do alvorecer...
Pilar da sociedade...
O ímã da luxúria...
O réu do seu próprio caminho...
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( Autoria de Zilandia Barros Ferreira- MG )

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mente insana


Não quero que me veja como um assassino
Apenas um coração,
que está a ponto de explodir
Deixando vestígios de lágrimas com sangue
O ódio e o amor que me vêm a sucumbir

O pranto que estrondea a vila inteira
Um sorriso que invade a multidão
Dentro de um corpo manifesta
Contrasta a alegria, a solidão

Violentas palavras atravessam paredes
Pois tijolos não conseguem reter
A força do som da laringe
Os alcança e faz-me vencer

Dormis-te acordado outra vez
Pois a mente não se acalma
O presente, o passado e o futuro difundem
em sua alma.

Queria me ver sorrindo
Como criança que vai ao circo
Porém, se eu chorar novamente
Beberei minhas lágrimas caindo
Mente insana! Mente insana!

Comanda essa mente, algo quase indefinível
Tirá-la de mim, parece impossível

Aparece todo dia, algo constante e ativo
Repete meu tempo, Transtorno Obsessivo Compulsivo

Manias paranóicas aparecem toda hora
Insistem em ficar e nunca vão embora

Confiro os objetos, estão todos em ordem
Mas, preciso ver de novo, parece que eles se movem

Veja as pessoas, estão te olhando!
Ficaste imaginando, o que eles estão pensando?
Parem com isso! Estão nos atormentando

Cenas de suicídio apareceram de repente
Até uma grande empresa surgiu em minha mente

Já fui o melhor músico e era um grande escultor...
Já fui cineasta e até professor.

Andei por todos os caminhos, por todas as estradas
Apesar de ser tudo, ainda não pude ser nada.

Chegou toda euforia, em ação e amor
adicionadas ao ódio, angústia e dor
Estão explodindo! Transtorno Bipolar do Humor

A casa me parece tão cheia, apesar de estar vazia,
Pois você me acompanha, senhorita Schizophrenia

Enquanto vivo, prossigo uma luta que não cansa
Obstáculo abstrato psíquico
Mortífera mente insana


( Composta por Nedson Soares Machado- RJ )

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O que escrevo


Perdi-me na minha bipolaridade
Eu era racional. Hoje me sinto agitado.
Tenho saudades de dias melhores
Minha vida passou por alguns testes
Anseio por melhora. Para mim é sempre uma luta.
Não tenho desânimo. Para mim o tempo urge. Lembro-me dos meus estágios.
Me comovo com o último emprego
Domingo é um dia de descanso
Estar bem é um motivo de alegria
A familia é um ponto de equilíbrio
Fechou-me os olhos. Choro sem lágrimas.
Amo em silêncio. Não sinto sono.
No espelho, vejo alguém que não sou eu
Me acho chato. Me perco na falta de sono.
Dentro de mim grito. Tenho a alma ferida.
Não perdi minha essência
A morte me assusta. Minha vida inteira me surpreende.
Agonia-me a mudança. Sinto ternura pelos bichos.
Sinto piedade pelos idosos. Tristes são os velhos do asilo.
Ninguém vai visitá-lo. O que me faltou foi sensibilidade.
Serei um novo homem. Não vivo sem lembranças.
Sou um homem de idéias. Sigo meu raciocínio .
Permaneço focado no que escrevo

(Autoria de Milton Magalhães Junior-RS)
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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Aí vão duas numa trombada só..

Primeiro: Aquela que ficou em 1° lugar e cujo autor faturou os 3 mil de premio.
Não acharia justo se eu fosse o primeiro, e um engraçadinho não quisesse publicar minha poesia por que acha que ela não merece.
Por isso vou optar pela imparcialidade;
Aí vai...



"Morte e amor"
Amor, te amo
Se não me amas,
A morte amo.





(De autoria de João Claudio Ferreira de Brito-RJ) ____________________________________________________________________


E aí vaí...

" Delírios do fim "


Parece em vão, mas é verdade
Eu não quero, não agora
Um pouco mais tarde
Pois há em mim saudade

O meu corpo quase inerte
Procura um só movimento
Pois quero tardar um pouco
Este indeciso momento

Que é para mim um cataclismo
De tão enorme tormento
Eu peço ao meu poderoso
Pousar esse momento

Por mais alguns segundos
Mas não adianta mais
Minha alma percorre o mundo
Por dentre os espinhais

Vou buscar o meu passado
Que um dia foi ao longo
De um horizonte distante
Que num minuto prolongo

Ouço passos apenas
De alguém suspirando
Suspiros quantos darei
Ainda estou delirando

Meu momento está próximo
Sinto os menores movimentos
Mas não consigo falar
Então eu qrito por dentro

Meu momento está próximo
É tarde demais para mim
Meus olhos já entreabertos
Fechan-se pra noite. O fim!

( De autoria de Mariza de Andrade Maracci- SP )

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Castelo confiança


Pedra sobre pedra
Força para montar
Medidas a ajustar

Para morar com segurança
Tem que ter a confiança
Em alguém pra apoiar

Não tem chuva, não tem vento
Nem tremor, nem pensamento
Já descanso bem tranquilo
Forte é o meu castelo
Forte é o meu abrigo

O arco-íris me garante
Sem compasso, sem as mãos
Só a voz e o coração

Outra pedra não tem vez
É a raiz que vem do fundo
Mais profundo que o mundo
Me garante a solidez

Submerso não será
Ainda que no litoral
Minha vitória é me contentar
Saber perder, saber ganhar


( de autoria de Davi Pereira da Silva- RJ )

domingo, 6 de setembro de 2009

O terceiro caminho

( Esta poesia ficou em 2° lugar no concurso )




O terceiro caminho
se desvia do óbvio.
Não é o bem,
nem o mal.
Não é o quente,
nem o frio.
Nem claro, nem escuro.
Mas nunca em cima
do muro.
Desvio sensato
É a destreza do ato
Usa de bom senso
Quando há um clima
Tenso, perigoso.
Nadando contra a
corrente.
Tomado a decisão
Que é pouco aceita
Navegando em alto-mar
Num barco aparentemente
frágil
Mas muito forte
Que não está relegado
à própria sorte.


(É de autoria de Thais carvalho Karbavac- SP)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Qualquer chave que faço, será sempre a chave errada.



I

Perdi a sanidade,mas
acho que me encontrei.
Queria um beijo dela,mas
acho que ela não sabe que sei.

Pois eu perdi meu ônibus,
mas conheci alguém.
Não quero mais você.
Conheça alguém sem sal também.

Perdi a virgindade
de partes minhas desconhecidas.
Roubei uma estranha virílidade
de belas-recém-adormecidas.

II


Encontrei meu criador enfim,
que não esclareceu duvida minha;
Quem afinal veio antes?
Foi o ovo ou foi a galinha?

Encontrei meu criador
enquanto fumava uma erva escondido.
Contei e ninguém me acreditou e
é só porque sou bêbado, ateu e fudido.

Encontrei um lar que era meu.
Encontrei essa casa abandonada,
da qual fui expulso por nada
pelos cães da burguesia não tão lesada.

III

Corri por ruas escuras,
e ninguém me segue ou seguia.
E das suas viélas tão claras
certamente eu nada entendia.

Corrí para ser abraçado por
seu abraço que não me espera ou esperava.
Caminhei mesmo contra vontade,
por uma voz qualquer que apressava.

Corri deste lado para o outro,
enquanto tentei chegar lá.
Corri, louco, só e nu por um deserto,
e nem assim pude descansar.


IV


Perdi toda tua inspiração,
pois acabou todo meu dinheiro.
E não pude entender tua escolha,
já que também sou filho de carpinteiro.

Perdi minha estimada e populosa,
Fazendinha de formigas amestradas.
Mas não ateei fogo, alaguei ou amaldiçoei
fazendas de pessoas confusas e assustadas.

Perdi dias pensando se
merecia perdão ou castigo,
o pai que tranca sem cópia da chave
seu filho do lado de fora do paraíso.


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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pescador de sonhos


Parte I

Falava tolices
e como outros
falava sobre beldades
e sobre anões , elfos
e até mesmo gigantes.

Coisas sobre as quais
jamais havia falado...

Coisas das quais
não tinha conhecimento.

Coisas as quais
jamais havia visto

mas

que sempre havia quisto.



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Parte II


Falava
por que sonhava
e seu sonho
era maior...
transbordava.


Falava sempre que podia.
E tanto
que até acreditava.

Caminhando
em mundos desconhecidos
voando sobre telhados.

Querendo estar com anjos
esquecendo que seus pés
não são alados.

Falando de asas
para multidões.
Falando de amor
e por isso
transbordando corações.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

" Ouvir e falar"


Depois de ouvir não
o coração dói.
Depois de ouvir não
ao invéz de lembrar você remóe.

Depois de ouvir não
você cansa de buscar.
Depois de ouvir não
você desiste de encontrar.

Depois de ouvir não
você diz que não liga.
Depois de ouvir não
você não conversa, você briga.

Depois de ouvir não
você esquece de sonhar.
Depois de ouvir não
talvez você aprenda a amar.

Depois de ouvir não
talvez chore um pouco.
Depois de ouvir não
talvez você chute tudo como louco.

Depois de ouvir não
talvez você não queira mais procurar.
Depois de ouvir não
talvez você recomece a procurar.

Depois de ouvir não
talvez você feche seu coração.
Depois de ouvir não
talvez você queira dizer não.

Depois de ouvir não...
Depois de dizer não...
Talvez você escreva um poema
sobre como é quando se ouve não.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

26 de julho


Eu busquei você
de onde penseique
calor humano
jamais fosse acender.

Eu busquei você
mas ainda estou sentindo
o frio que outrora senti
na imagem na foto sorrindo.

Eu busquei você
e penso que mereço atenção.
Acredite você nisso ou
não acredite você então.

Eu completei você
quando ninguém me completava.
Enxerguei atraváz da máscara,
quando ninguém mais enxergava.

Eu busquei você
enquanto me caçavam.
Sorri aos agressores
enquanto me alvejavam.

Eu busquei você
e por manter tal busca
por parte dos agressores
a caçada se tornou aguda.

Eu busquei você
e você vinha me buscando,
mas brasa fora da fogueira
com o tempo acaba esfriando.

Eu contemplei sabedoria popular
mas o sol não se apaga
por que nós que somos todos filhos
devemos sucumbir ao frio de qualauer mágoa.



quarta-feira, 24 de junho de 2009

Agora, só palavras


Nada apaga
a sensação de vazio.
O féu da garganta
afoga o que ainda vive.
Aquilo que um dia
foram belos cisnes
agonizam agora
e tem manchadas suas asas
no sangue de meu peito
que se abriu diante da navalha
à qual sua mão era portadora.

_________._________


Nada volta
nem mesmo um segundo do tempo.
Sabe-se disso com certeza
que a exatidão da ciência
não pode desmentir.
Nem mesmo uma gota
do sangue que já correu
volta a meu corpo.
E as manchas
do sangue morto
são o alimento do corvo.

__________.__________

E nos confins
do vôo do negro corvo
nas confusôes e fusôes
entre eu, você, e todos
formou-se esta tragédia grega
onde não somos deuses
pois não governamos nossas vidas
e onde não somos os mortais
pois governamos outras vidas
com frases sempre impensadas
e outras frases mal compreendidas.

__________.__________

Não importa agora
quantos florões atiram sobre a lápide
pois terminado está o tempo
e há os que dizem que cedo parti
e há os que dizem que fui tarde.
Declarações de amor ou sensuras
não posso ouvir daqui.
Deixem de remexer minhas entranhas
e compreendam que eu morri.
E todos os poemas agora são
de minha mortal alma o clarão.

___________.__________

sábado, 6 de junho de 2009

Atras dos olhos seus


Se você não souber
onde vai parar
com quem mesmo 
que vou poder contar?

Se vc não me guiar
por entre a densa rélva
então como é que espera
que eu saia da sua selva?

Se seu coração
é uma arapuca pra mim
como espera que me solte
se vc é que não quer assim?

Se suas pétalas
não cessam de cair
por que não me liberta
pra que eu vá até aí?

Se a neve está caindo
vamos brincar lá fora.
Mas por favor
só não me peça pra ir embora.

Vamos nos envolver
como quem na dor,
como crianças que somos
nela encontramos o amor.

E é na noite
em que ouço o cantar
destes seres que não vejo
mas que sempre vêm me acalmar.

Lacrimeje de alegria
ao nascer do sol
poe lembrar quem é você
e perceber o que é que é bom.

Me deixe livre dos espinhos
e vou curar suas mágoas 
sem suspiros e com carícias
quero secar tuas lágrimas.

Porque neste momento
um novo dia se aproxima.
E o primeiro raio de sol
é aquilo que me anima.

Logo já não é mais noite
e me descubro flutuando
em uma nuvem de beijos
mas percebo não achar a fonte.

A neve derrete
e com isso formam-se rios.
A noite se foi
mas agora começam os desafios.

É hora agora
de levantar na aflição
e de tentar consertar
tanta coisa errada no seu coração.

A odisséia começa
e você percebe que
nad do que aprendeu
vai te ajudar a sair dessa.

Visitou tantos sábios
e trilhou muitos caminhos
caminhou tanto para perceber
que nossos medos enfrentamos sozinhos.

Nos primeiros passos
o caminho lhe é afável.
Caminhando em seu próprio labirinto
consegue ver o quanto é indecifravel.

Uma viéla após outra
o conduz finalmente
a outro lugar escuro
a outro pedaço do muro.

A luz no final do túnel existe
e disso está consciente.
A luz já esteve em seu passado
e agora está em seu presente.

Com o tempo acaba cansando
sem perceber acaba sentando.
Só aí percebe o óbvio:
O labirinto está te enganando.

Corre para um lado
se debate entre o ar.
Corre para outro lado...
começa a se desesperar.

" Onde estão todos
agora que preciso de ajuda?"
" Se quero tanto gritar,
por que minha boca está muda?"

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PARTE  II  


A neve derreteu
e formou os rios.
A noite se foi
e com o dia,
vieram seus desafios.

Neste momento
o canto das criaturas se foi.
Neste momento
a lua acima também se foi.

O que você quer
é tocá-la uma vez mais.
Tudo o que precisava é que
o relógio voltasse o tempo para trás.

Mais uma vez
percebe o que mais se faz visível.
Que há uma decisão bem a frente
e que agora esta inadiável.

Duas portas surgem 
no escuro labirinto.

Uma das portas
leva a uma larga entrada.
E toda sua bela superficie
é coberta de pedras preciosas cravejadas.

Você nota que
ao longo da larga entrada,
foram colocadas imagens de anjos
e outras belas estátuas.

Depois nota que
outras pessoas vão entrando.
Algumas sorridentes lhe oferecem a vez
enquanto muitas outras vão passando.

A entrada desta porta
todos são gentís sempre,
e querem ver você entrar
mesmo que nenhum deles entre.

No entanto 
você recua um pouco.
Nota que
há uma outra porta ao lado.

Esta porta está fechada
e cada um que entra
por mais rápido que seja
demóra para chegar a entrada.

A estrada até a porta
é toda em linha réta.
As pessoas  parecem exáustas
e entrar parece ser a méta.

O caminho é árduo
de um lado espinhos
do outro labaredas
o lugar é úmido e dá calafrios.

Um passo a esquerda
e cai nos espinhos
e com um passo na direita
arde no fogo das labaredas.

A entrada desta porta
existem poucas pessoas.
Não consegue perceber
se elas são más ou se são boas.

De repente
um passo em falso para a esquerda
e você se sente cair...
a caminhada é difícil  e não céssa.

Uma mão busca a sua
enquanto você
está caindo para a morte.
Se esticar o braço,
não vai morrer.

É a escolha do momento
que fica diante de você.
Mas ninguém é tolo
e você já sabe o que fazer.

Sua mão busca
a mão que veio lhe acudir.
Segurando firme então
você percebe que não vai cair.

Antes que possa agradecer
a pessoa que lhe salvou
você se ve na mesma caminhada
que agora apenas começou.

Sem entender
você recua ao ponto inicial
fico estático entre as duas portas;
"Para onde devo ir afinal?"

...


Se voltar
para o largo caminho
você não vai passar trabalho
e não vai entrar sozinho.

Se voltar
para o caminho estreito,
vai ver que os espinhos vão fundo..
na alma e na vastidão do peito.

O que resta agora
é o que reta a todos;
é parar de adiar a decisão
e não esperar que venha dos outros.

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Aguardar a carruagem


Estranho como se posicionam
para aguardar que do estábulo
um animal por sobre o outro
traga a carruagem.

Será mesmo que
os dois animais
não se arriscam a
comer da mesma lavagem?

Se se arriscassem
iríam descobrir que
o alimento do animal de tração
é anêmona fora d'agua
que o vento faz mover.

Animal de tração,
animal de tração e 
você nem sequer prestou atenção!

E se por ventura,
o animal de tração
fosse provar o que come
o animal acima dele...
O animal criador
da pólvora,
bola de fogo,
catapulta
e canhão.

E se ele fosse provar
descobriría como é
horrível lembrar
de tudo o que se vê.

Saberiam assim,
do pasto venenoso,
seco,
em chamas,
e de como é
viver,
consciente de que
se vai morrer. 

sábado, 2 de maio de 2009

Introspécto


Confusão
tão sólida que
talvez possa tocá-la.
Senti-la
como névoa da montanha
sem saber como ultrapassa-la.

Alegria
o estado em que estava
a um segundo.
Todas as cores
dizimadas ao proferir 
de uma simples palavra.

Certeza de que
é só passageira.
Mas sem saber
quando qualquer brisa
ou vento ou ventania
vai levar toda poeira.

Meus olhos,
ainda castanhos.
Não querendo
e fazendo jus para que
caminhe com meus pés
e não nos passos de um estranho.

Névoa, breu e bruma
que é o que eu vejo.
Em pensar que
a um segundo estava feliz
sem precisar dela
sem desejar o seu beijo. 

sábado, 25 de abril de 2009

Fone de ouvido


Deito-me
e fico a pensar.
Me afugento de mim
pois o sono
ja não tarda 
e quer chegar.

Enquanto que
os mais clichês 
de todos os desejos
ressoam
aqui dentro
[e aí dentro]

Enquanto se aproxima
madrugada fria
parece não passar o tempo
nessa cama onde há um 
e queriamos houvessem dois
e por isso está vazia.

Deito-me
e fico a sorrir muito.
Me aproximo de você
que só está aqui dentro
e em nenhum outro lugar
estaremos hoje então.

Você não pode me ver
mas pode me escutar.
Você está aí longe
só posso ouvir tua voz
e prometer
assim mesmo te encontrar.

Encontrar-te
então eu vou.

Você não ppode ver-me
mas pode me escutar
você está tão longe
e promete
assim mesmo me beijar.

Juntos falariamos
de toda cumplicidade
em nossos banais assuntos.

II

Queria que
de alguma forma
podesse não querer.

Portanto não desejaria
toda a solidão
que sinto sem você
e que faz ver o sol
aqui longe de você
e como assim posso crescer.

Queria que
você podesse querer
que eu não lhe quizesse.

E dessa forma
não haveria esse
desejo,força e vontade
me impulsionando
a toda alma que
certamente há em você
invadir-me sem se deter.

domingo, 19 de abril de 2009

Sonhei com Atacama


Parte II

E eu
não era católico
não era evangélico.
Não conseguia
ver um tipo de padre
e assim mesmo ficar sério.

Foi quando ví
que havia um padre alí.
Com uma biblia em mãos
dizendo coisas decoradas
com os anos de profissão.

Coisas que
saiam da boca
e que
da forma mais trivial
não vinham do coração.

Dizia que todos
estavam alí reunidos
para despedir-se de mim
e de
meus tempos ídos

Dizia que 
Deus ama
a todos os seus filhos
sem excessão.
Mas até para Ele
eu já disse não.


E em algum lugar
tão alto
que não se pode ver,
só queria Ve-lo
de abraços abertos
pronto pra me receber.

Sonhei
que jogavam flores
sobre meu tumulo. 

Lembrei de
quantas vezes disse
"não" com a boca
e no instánte seguinte disse 
"sim" com meu corção.

E se pudesse
agora dizer algo,
diria "sim"Adeus" e "Perdão".

sábado, 18 de abril de 2009

Sonhei com Atacama

Parte I


Sonhei
que jogavam flores
sobre o caixão.

Lembrei
de quantas vezes
te disse não.

Você bem que tentou
mas mesmo que você queira,
não mereço seu perdão.

Apenas atire flores
sobre o caixão
enquanto lentemente,
torturam a todos
o içando ao chão.

Os corvos
por sobre as tumbas
são testemunhas
de minha culpa.

Eles sabem
que disse "não".
Quando na verdade
queria ter dito "sim".

Quando passou por mim
fingi não te ver.
E depois fiquei olhando
onde na esquina, 
você ia desaparecer.

Quando sorriu 
seu sorriso me ofuscou.
Fiquei enciumado
que
mais alguém te visse
e por isso se calou.

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Essa foi a primeira parte. Amanhã, a segunda. 

sábado, 11 de abril de 2009

Leito


Foi a cama mais confortável 
Lá havia agua e comida.
Mesmo em se tratando
de um ambiente instável.

Lá eu não podia ver
quase nada, mas
adorava mesmo quando o teto
era tocado por aquela mão pesada.

Afinal
eu não sabia
de onde vinha
ou pra onde ía.

As vezes 
toda a casa tremia,
mas eu tinha sorte
comigo nada acontecia.

E o mais estranho
era como eu me alimentava.
Era por uma mangueira que
à alguma coisa me ligava.

Tudo era tão delicioso!
E eu podia escolher...
Se queria areia com bacon
vinha pelo tubo a descer.

Mas algumas vezes
era como uma maquina
de refrigerante estragada.
E quando não vinha o que
eu pedia: eu chutava.

Até que ele chegou.
E eu nem sei quem era.
Me arrancou daquele lugar:
Que hotel 5 estrelas que era!

E aquela palmada?!
O que eu fiz pra merecer?
Se era a conta de estadia,
eu pagava quando tivesse de ser.

Foram os momentos 
mais terriveis
de minha até então
curta vida.

Eu tateava,
mas não achava
caneta ou talão de cheques.
Na verdade
eu nem estava com uma calça!

Comecei a ouvir vozes
que ao mesmo tempo
vinham de fora e
igualmente de dentro.

Depois 
junto com outros
me colocaram.
E não adiantava chutar,
os caras do serviço de quarto
nunca chegavam.

Mas foi só depois
quando me levaram
para perto daquela
grande circunferência
é que entendi
o que todos os outros bebês
gritavam: mamãe.

sábado, 28 de março de 2009

Tarô de Guizio


   Parte I

Caminhei sem parar
até a luz no fim do tunel
e não sei como mas,
sabia que você ia estar lá.

Afinal de contas
era justo te encontrar
já que tive a infelicidade
de muitas vezes não te encontrar.

É possivel lembrar
como fosse o dia de hoje
a brisa afagando seus cabelos
levando a tristeza pra longe.

Labaredas dançando em um par
partindo da chama da fogueira.
Deitados e de braços abertos
construindo anjos na areia.

Olhando-se profundamente nos olhos
cada qual em uma beira
sem saber se a luz vem de nossos olhos
ou se vem das chamas da fogueira.

Com a mesma paciência
que pode ter um astro orbitando.
Sabendo que pode demorar, mas
nossos corpos acabarão se encontrando.

Sem planejar acaba acontecendo.
A intantes do que é inevitável
mesmo que tentando evitar
corpos em chamas acabam cedendo.

Depois nos cobriremos austeramente
procurando na penumbra nossas roupas.
Agindo como cumplices em algo...
Procurando esconder a maçã proibida em nossas bocas.

Ao que aparenta
alguém lá em cima
não quer nos ver juntos
mas somos como imã

Nos conhecemos antes mesmo
de o mundo ser o mundo.
Mais que todos os oceânos 
nosso amor é mais profundo.

Nem ao menos sabiamos
mas você me viu e eu te ví.
Nossas almas então lembraram
do amor que você viveu e eu viví.




a praia onde cresci na foto





 Parte II

Julgados por amar fomos.
Perseguidos covardemente,
queimados em fogueiras
por uma maioria demente.

Desertos do além
juntos trilhamos.
E por muito motivos,
no além nos separamos

Enquanto você desaparecia
no imponente corpo da duna,
eu estava diante de duas trilhas
e -claro- só podia escolher uma.

E assim aconteceu
que nossos caminhos separaram.
E nos céus acima do próprio além,
muitos deuses beberam e festejaram.

Deve ser porque nos proibiram
de amar um ao outro.
Talvez tenham percebido
que nos amavamos bem mais que só um pouco.

Nos amavamos- eu e você
bem mais do que a eles.
Foi assim que começou
a relutância por parte destes seres.

Acho que quando nos fizeram
os deuses nem imaginavam 
o que na realidade
em seu tolo poderío criaram.

Fomos os filhos renegados
pois saimos de vossos úteros,
com todo o amor por parte deles
e acabamos a nós mesmos enlaçados.

De certa forma é justiça,
pois quem mandou nos fazer?
Pensam que é só querer e criar?..
Então fizeram por merecer.

Além do mais
há coisa de maior comoção
do que desafiar vontade divina
por egoísmo do coração?

sábado, 21 de março de 2009

O próximo



Dentro de mim
também sinto medo.
Dentro de mim
estou correndo contra o tempo.
Dentro de mim
também sou trevas.
Dentro de mim
também é confuso.

Dentro de mim
estou dentro de um mundo.
Dentro de mim
um mundo ao qual não pertenço.
Dentro de mim
pergunto qual o preço.
Dentro de mim
esse alguém que não conheço.

Dentro de mim
também há o assassino.
Dentro de mim
também há um altruísta.
Dentro de mim
sorrisos que não sorri.
Dentro de mim
lembranças que não viví.

Dentro de mim
melodias que não ouvi.
Dentro de mim
poemas que -ainda- não escrevi.
Dentro de mim
dores que não entendo.
Dentro de mim
culpa sem crime.

Dentro de mim
força para lutar.
Dentro de mim
vontade de desistir.
Dentro de mim
ninguém a me encorajar.

Dentro de mim
Ruélas sombrias.
Dento de mim
prossigo sem motivo.
Dentro de mim
nem sei se estou vivo.

sábado, 14 de março de 2009

{ 1+1=1 }

Hoje estou vendo
e foi como
a manhã céga
de um pobre embriagado.

Hoje consigo ver
e fácil acaba sendo
enxergar o erro já selado
de um gigante intimidado.

Hoje você vai
tornar-se docemente confusa.
Referir-se-ão seus pensamentos
a minha pele e alma nuas.

Hoje o dia será obsoleto
pois haverão aqueles momentos
de seu e meu corpo
em que fomos dois e depois menos.

Amanhã certas providências
separados tomaremos juntos.
Amanhã juntos teremos consciência
de que estivemos separados.

E hoje só nos resta
escalar a linha fina
que nos separa do amanhã
e esse, arrastado se aproxima.

Hoje estou vendo
o diamante não lapidado
que brilhou intensamente
enquanto olhava pra outro lado.

E hoje só há certeza
de que todo nosso ontem
belo ou feio,
apagar-se-irá diante
do amanhã que já vem.

sábado, 7 de março de 2009

Torpe



Está se perdendo
quem você conheceu.
Sumindo entre máscaras.
Com o peito sangrando
e um ideal que quase morreu.


Forçado a suportar
o perfume da hipocrisia
daqueles que me rodeiam.

E no fim,
devo suportar
minha própria hipocrisia.
Pois
quem não mente
é hipócrita.


Rodeados pelos próprios
pensamentos que acusam,
querem roubar
e invéjam...

Somos todos suprimindo
com lâmina cortante
sentindo dor e no fundo querendo
que a dor fosse alheia
neste mentiroso instánte.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Amarrado


Escrito
penso que já estava
como acaba sendo,
cada frase ou palavra.

Ao sofrer a perda
do que por fim
não me é sabído saber
quero ter tua vida.

Sem querer perder
o que já não é certo ter
agarrado ao temor de ir
pedindo que não haja saida.

Quisto ja foi amar, e
vejo com espantoso medo
o quão ínfimo é o amor
em corações tal qual rochedo.

Cólera
inebriante por que é
como hemoglobina ou o que for
consequência em veias e dor.

Deixaste a porta aberta
assim como fechaste os olhos.
E adesgraça veio, 
assim como vem para os tolos. 

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Floresta



Estou tentando entender
ainda que por teimosia,
o porque dessa certeza
que por ti eu morreria.

E sei que me tens
por louco qualquer
tão tolo e perdido
nesse mundo de verdades...


No qual insisto em viver.

E você nem sequer
começa a ver
a outra face do mundo
o outro extremo da espada
com a ponta em meu peito
e ali alojada.


Estou tentando entender
porque estas lágrimas
correm hoje,
por meu coração que
ficou no passado.

Estou gritando
sem saber o porquê.
Todo e cada dia
me recriando
sem saber quem me fez.


Mas você
não é como eu.


Você chora o hoje
por seu coração
que esta aqui.

Você grita e
pensa saber o porquê.

Pra você, Deus
é quem te fez.
O diabo é o criminoso
e você é o méro refém.

Estou falando de amizade.
Estou falando de amor,
mas você não me escuta.
Pensa ter
encontrado as respostas
nessa sua poltrona,
nessa sua redoma
de onde não sente a própria dor.

Estou falando de doar-se.
Estou falando de se sacrificar.
Da flecha que não era pra ti.
As horas quase infrutíferas,
falando de amor,
falando de amar.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Eu com isso




Você e nós
a errada vida
de mim
que no entanto
jamais tive outra.
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Eu e vocês
nesse jogo de cowboys
pistoleiro,pasteleiro e motoboy.


Vossa santidade e aqueles
a quem julga não julgar
nesse corre-corre
onde o primeiro
pode não ser o mesmo a ganhar.
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Vossa santidade e Vossa santidade
o que não sabe se o é
aquele em que os lá de fora
que talvez queiram entrar
sem pestanejar depositam toda a fé.
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O ar em nós
que sempre soube
que dali a pouco
iría deixar o nosso
pra visitar outro corpo.

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A vida em mim
que sabia que iría acabar
e me deixou vive-la
que me fez esquecer que tem fim.
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Pra mim com
toda essa mentira alva!?

Dizendo que aqui embaixo
onde só vejo anjo no espelho
anda sempre muito quente
que lá em cima a coisa é calma.
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Eu e esses
mais de mil anos
porém,
passariam
até que arrependimento
tivesse por viver o que vivi;
dia,segundo e momento.
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Ele pensou em mim
quando fez,
esse 'o que' que vai expirar.
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Dai volto a ser algo
que não foi pensado sequer
e não tem direito de acabar.
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domingo, 1 de fevereiro de 2009

O labirinto



Estou procurando
pista,pessoa e resolução
para sair deste labirinto.
Sei que para tal cousa
a questão não é procurar
a questão é ser encontrado.

Eu jurei encontrar o final
e não sei ao certo dizer
se não fora o princípio.
Não que me importe
em vagar o fio que me resta
dentro de suas entranhas.

Agora creio piamente
que fui feliz aquele tempo,
se felicidade for atração.
Mas se felicidade for oportunidade
acredito que brevemente a tive;
oportuno a quem, não sei.

Quem me roubou?
Onde poderá ter escondido
meu senso de pesar alheio.
Como machucar algum estranho
pode ser algo banal
em terra onde nada o é.

Há madrugadas a fio
uma equação me aflige.
Quem estaria fingido melhor?
o mentiroso confesso
ou o puritano enrustido
e nesse caso:

O mentiroso confessa o que é.
Por isso ele é mentiroso?
Opuritano enrustido
faz tanto ou maior
imoralidade que tu;
não diz ser o que realmente é.

"caros compatriotas"
Esse chavão já foi usado
para salvar e matar milhões.
Quem se importa,
ou está salvo
ou está morto.

Em certos momentos
me obrigo a crer que não
mas me esfregam na cara
que tudo é podre
que tudo acaba
que nada vale a pena.

Por isso é um labirinto
poeque já estive aqui
e se voltar atrás
estarei onde já estive
e se avançar a frente
não será em nada o desconhecido.

As paredes com mensagens
que escrevi a mim próprio
na esperânça de não perder-me;
"Você já esteve aqui"
E se não foi eu que escrevi?
E se mais alguém está perdido aqui?

A primeira impressão é egoísta
mas também é desesperada.
A letra é parecida com a minha
e me pergunto se é acaso
e me pergunto se não é a minha
e se tem mesmo mais alguém.

Pela primeira vez, aqui
me questiono o que me tornei.
Enclausurado neste lugar escuro.
Ainda não elouqueci
mas quanto a isso
não sou o melhor pra julgar.

Nesse momento
ele pode estar me vendo
pensando se não vou matá-lo.
Uma sombra no labirinto;
pode ter sido ele no escuro
mas não distinguiría.

O que iríamos conversar?
'As paredes são lisas'
'As cuvas sã agudas'
O que iría responder?
'As paredes são retas'
'As curvas não existem'


domingo, 25 de janeiro de 2009

Banco dos réus



Uma condenação
brutal,só,distante.



Herdei,alguém me deu
ou comprei
não sei.
A bem da verdade
o que fiz pra merecer.



Também não sei
se alguém se faz merecer


Não sei a bem da verdade
no que gastei meu tempo,
não sei.


Sem luz afinal
como alguém sempre disse.
Distância brutal de existir
na busca do ser ideal
na busca de ser mais normal
na busca sem fim do carnal.



Sem direito a resposta
a dizer que não está bom.
Sem direito a saber
a que pergunta
pertence a resposta.



Em um segundo
estamos despreocupados.
No próximo segundo
nos descobrimos deserdados.


Permita-se saber
que não seria um desertor.
Permita-se descobrir
que não seria à toa.
E que continuamente
os dias te permitirão.



Eu ví
e sei que tu viu.
Eu vejo
e não sei se tu vê.

Vejo coisas
que outras pessoas
não sabem ser coisas.
Vejo pessoas
que outras coisas
não sabem ser pessoas .

E a bem da verdade
do 'existir' vem o 'ser'.
'Ser' é viver o 'existir'.

E onde estamos
senão nesta despedida
em que nunca nos vêmos partir?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Pensei nessa em como é tedioso o domingo..


" Segundo seguinte "



A bruma noturna

vagava embriagada

para onde a luz estava escassa.



A bruma é vazia

e com uivos e grunidos

dos que foram esquecidos.



A bruma anda alí.

A bruma anda acolá,

buscando algo para obscurizar.



Olhos sem expressão

Observando atentamente

a sombra e sua movimentação.



A cadeira balança

para trás e para frente

e velhas molas rangem.



Logo a frente

há um cáctus

que também será seu jantar.



Sem pressa alguma

pois sabe que se correr ou se ficar

o cáctus ainda estará lá.



Logo a seu lado,

esta Barnabé-o cão.

Tentando compreender

o velho homem e sua reflexão.



Por sobre o papeito da varanda

Vê tudo que precisa para viver;

madeira, água, vento, fogo , e terra.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Os equivalentes



Estou perdendo a sanidade
de novo
outra vez
e de novo.

Sinto meu peito
rasgar outra vez
quase sempre
e dessa vez não é alucinação.

Liguei o rádio-gravador
e ninguém disse nada.
o horror de não escutar
e só os surdos sabem como é.

Só consigo ver guerra
entre a chaga que fui
e esse pedaço de culpa
absoluta que sou.

Caminhei só pelas ruas
tentando ver algo
que procuro a tempos ídos
na outra margem da calçada.

Me pergunto agora
por que esta maldita loucura
só te toma um pedaço;
porque não tudo enfim?

É como aos poucos
uma doença real
que te faz definhar
e te deixa assistir-se.

Não faz diferença
se morrerei a cinquenta anos.
O dia de hoje
é o único que importa.

Faz diferença
se morrerei louco
ou por completo,
ou pela metade.

E lá fora
guerras acontecendo
e o petróleo queimando
e o meu ódio aumentando.

Me desculpe pai
mesmo sendo um bastardo
meu ódio me alimenta
e isso eu não queria.

Quanta lamentação
escuto o dia todo
sobre pessoas que não se vêem
e sobre pessoas que não te vêem.

ÉSSE O ÉSSE.
Tem alguém aí?
O navio está afundando
e não há colete.

Quantos S.O.S você já recebeu
E jamais respondeu
por pensar que ajudar é inútil,
que não responderiam ao seu?

Estou me afogando
num mar de falsidades
preso a uma âncora
que me leva mais ao fundo.

Estou sendo apedrejado
em praça pública
E não posso negar:
também carrego pedras nas mãos.

Apenas uma vida
não será o bastante
pra viver um amor
mas acho que vou tentar.

Não sou convencional.
A órbita de meu planeta
está em rota de colisão
direta com o seu.

E depois
é só poeira cósmica.
E a demais
é só confronto de égos.

Quem será o vencedor
nesse duelo de armas cégas?
Será mesmo verdade
que não há vencedor na guerra?

Me desculpe pai,
mas existem indagações
para as quais simples cogitações
não servem [ou servirão]de resposta.

Todos já partiram
e ainda estou aqui
paralizado na platéia
sem entender a encenação.

A atriz atuou.
A platéia aplaudiu de pé.
Mas em algum trecho
perdi o fio da meada.

As vezes sou assim.
O Pai explica
e o filho não entende.
Será que ele escutou?

Mais tarde, penso
aquelas orientações
podem fazer falta.
[claro]Tarde demais.

E se meu peito rasga,
me sinto enjoado,
a visão embaça,

não sei como parar.

Me eleva aos céus,
arremessa ao chão,
de mãos dadas com o vazio
prossigo rápido com lentidão.

Trinta dias
para se apaixonar.
Doze meses
para desapaixonar-se.

E com sorte
Não será um velho
que jamais esqueceu
do amor da juventude.

E sem sorte
você será um jovem
que jamais esquecerá
o amor da juventude.

Os caminhos são confusos.
Quando penso que acabou
e parece ser o fim
a surpresa me afronta

Quanta audácia
nos olhos do garoto
quando sem pensar
beija o rosto da menina.

Parece que não
mas o mundo confabula
como nas fábulas
a favor do mocinho.

Talvez não.
Posso estar errado.
Mas quando te olhei
você olhou de volta.

Naquele instânte
que pra você
não foi importante
você olhou de volta.

Contruí um castelo
de cartas de valete
sobre aquele instânte
em que você olhou de volta.

O amor é como
um fato que você conta
à inumeras pessoas
sem saber ser real.

Quando grito é real
e quando choro também.
Quando susurro é mentira
e quando sorrio também.

Ossos do ofício.
Mas verdade seja dita.
É o princípio do diálogo
e o inicio da irracionalidade.

Não me surpreende
se você cortar os pulsos.
Me surpreenda então
dizendo que errou.

Por mais que doa
o dia sempre volta.
Por mais que fuja
amanhã é outro dia.

E não importam
os erros de todos
ou os acertos de um
o dia sempre volta..

..carregado das ambições
ilusões e desilusões
luxúria e banalidade
loucura e sobriedade.


Este poema eh ou não eh um preludio da insanidade amigos?

sábado, 3 de janeiro de 2009

Ai vai uma curtinha mas bonitinha..

Constância

Te penso
Te vejo
Te quero
Te vejo chegar
Te odeio
Te adoro
Te imagino
Te peço
Te prendo
Te reconstruo
Te enxergo ali
Te fortaleço
Te vejo partir
Te imploro
Te enxergo lá.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Odisséia até o vale de seu coração

Caminhei
-eu acho
até este
vale das sombras.

Sombrio
-nem tanto
como o sol
é para cego.

Depois corri,
corri para seus braços
que já não eram meus.

Abraçei com força
e sem perceber
sem ser abraçado de volta.

Sou cão sem dono
-será?
ao adormecer faminto.

Em minha dispensa
comida e mais comida
é o que não falta.

Ainda assim
sinto uma fome
que não se satisfaz.

Olho para os céus
Olho para baixo
mas não enxergo.

O quê?!

A tênue linha
que todos vêem;
não esta lá para mim.

Mesmo assim,
de uma forma estranha
sinto calor ou frio.

Mesmo assim,
estranhamente familiar
é o ódio para mim.

E as vezes
chego até acreditar
que se trata do oposto do amor.

Perçeba;
-apenas
o oposto do amor.

Porque não então
irmão bastardo
do amor?

Pessoas vivem
-puramente
pelo ódio.

Pessoas morrem
-incompreensivelmente
por amor.

Quem fala a verdade?

Quem mente?

Se a verdade
não é toda verdadeira,
Porque a mentira
é toda mentirosa?



II
Se olhar para o céu,
verei que ele é azul.

Se olhar para o sol,
meus olhos cegarão.

Se olhar para você,
estarei a meio passo.

Se olhares para mim,
estarás a meio passo.

Se nos olharmos
estaremos a um passo.

Senão
estaremos nos encaminhando
a um final bem mais rude.

Senão
o verão será gelado
e o inverno será florido.

E apesar de todas as certezas,
não saberei ao certo
se você já me detesta.

É tudo sobre você.
Tudo sobre seus lábios,
tudo sobre meus ombros.

Tudo tão relativo a se você
aceita ou não aceita
meu incondicional amor.

E em pensar que você
lembrou de mim apenas uma vez,
e esqueceu em todas as outras.

Penso,
se não é desleixo meu
te amar como eu amo.

Enquanto eu fui
seu pano de chão,
você foi meus lençóis.

Dizem os sábios,
que fui o que fui
por que quis ser.

Mas os sábios
que contam estrelas
e espantam anciões..

Estes sábios
jamais em suas vidas
tocaram tua pele.

Por isso eu os perdôo,
mas também confesso:
eu também jamais toquei...

Mas em sonho,
acho que em todos
já sequei suas lágrimas.

E após tanto tempo,
sei que é natural
que venha o esquecimento.

E me pergunto;
quantas lembranças
você ainda tem de mim.

Nenhuma.

Porque reolvi
que pra lembrar de mim
teria que te esquecer.

Mas{talvez},
-felizmente
é uma palavra caprichosa.

Talvez você me esqueça..
Talvez todo dia se lembre,
enquanto tenta me esquecer.

Talvez doe um rim.
Talvez case de novo.
Talvez me de seu coração.




III
Minha mente é lucida,
mas minha alma,
quem sabe..(?)

Meus punhos cerrados
e a areia como testemunha
de que eles sangram ao chão.

E em bem pouco tempo
todo esse ato irracional
transforma-se-a em verdade.

Porque a maior prova
da existência de algo
é sua total negação.

Enquanto você se debater
na trama que fiz
nâo se libertará.

Portanto,
se você parar
sei que estará livre.

No entanto
nós dois sabemos
que seu desejo é incerto.

Também estou preso
a essa tal trama
-só queria que soubesse.

E convulsivamente
também me debato;
sem chance de liberdade.

Sei que se pudesse..
nem ligaria paraisso,
assim como eu.

Se pudesse..
ah,mas não pode;
não nessa vida.

Se é presunção minha,
também é sua
pensar que pode dar-me as costas.

Pensei em conclusão.
Mas como concluir algo
que não quero que acabe.

Pois enquanto eu contava
as ondas na praia
elas também me contavam algo.

Me diziam que
você jamais me esqueceu
desde aquele tempo.

Ainda que eu lamente
aquilo que hoje afirmo,
deixo atestado nestas linhas.

E vou continuar
entre um soluço e uma lágrima,
a dizer que te adoro.

Não como adoro chocolate,
ou o nascer do sol,
mas sim como adoro a um deus.

Pois ja disse:
Você me deu a vida
e pode me tirar a mesma.

Com um pensamento
você me tira do inferno
e me coloca no céu.

Com um gesto inconsequente
e mais consciente que tudo
você ja fez bem mais.

Procure se lembrar,
pois eu lembro
todo e cada dia.

É razoável
-não é?-
que você se lembre.

Já que mudou tudo
de um para sete,
de água pra vinho.

Me fez querer viver,
me fez querer morrer,
me fez não querer nada.

Nada além de tudo.
Tudo que eu poderia ter
para chegar até você.

Por essas e outras
-tantas outras
você me assusta.

Me assusto
com o quanto
faço por você.

Me alucino
ao pensar em teu beijo,
mais do que com anfetaminas.

Cerro os dentes
me doem os molares;
eu não me importo.

Não permito que mais ninguém
-ninguém de carne e osso
se aproxime de mim.

Espíritos das árvores.
Espiritos vagantes na brisa
venham a mim.

Mas não quero
ser tocado por ninguém,
a não ser você.

E quero saber por que,
se o amor é o mesmo,
as reações nâo correspondem.

Será porque
você jamáis viu
o nascer do sol?

Será porque
somos tão parecidos
que acabamos sendo diferentes?

E o mar,
e o vento,
jamáis te disseram algo?

Porque
caso você não sáiba
eles também falam.

Do retorno das áves marítimas,
dos infelizes afogados,
das náus em suas águas.

Da curva entre lá e acolá
dos telhados arrebatados
das lágrimas que já soprou.

Algumas destas
que de seu rosto rolaram
que de meus lohos sairam.

Ou então,
diga que é mentira
continue a debater-se.

Eu não me importo.
Já morri cem vezes
e vivo apenas uma.

Escolha as palavras
que mais me magoariam
e as desfira em meu peito.

Que irei escolher
as palavras mais amáveis
para te dizer..

Que viver para sempre
pode ser o calvário
se for sem você.

Que quando olho
em seus olhos castanhos
todo o resto parece em preto em branco.

Que não passo mesmo
de um homem moribundo
de tanto amor.