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domingo, 25 de janeiro de 2009

Banco dos réus



Uma condenação
brutal,só,distante.



Herdei,alguém me deu
ou comprei
não sei.
A bem da verdade
o que fiz pra merecer.



Também não sei
se alguém se faz merecer


Não sei a bem da verdade
no que gastei meu tempo,
não sei.


Sem luz afinal
como alguém sempre disse.
Distância brutal de existir
na busca do ser ideal
na busca de ser mais normal
na busca sem fim do carnal.



Sem direito a resposta
a dizer que não está bom.
Sem direito a saber
a que pergunta
pertence a resposta.



Em um segundo
estamos despreocupados.
No próximo segundo
nos descobrimos deserdados.


Permita-se saber
que não seria um desertor.
Permita-se descobrir
que não seria à toa.
E que continuamente
os dias te permitirão.



Eu ví
e sei que tu viu.
Eu vejo
e não sei se tu vê.

Vejo coisas
que outras pessoas
não sabem ser coisas.
Vejo pessoas
que outras coisas
não sabem ser pessoas .

E a bem da verdade
do 'existir' vem o 'ser'.
'Ser' é viver o 'existir'.

E onde estamos
senão nesta despedida
em que nunca nos vêmos partir?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Pensei nessa em como é tedioso o domingo..


" Segundo seguinte "



A bruma noturna

vagava embriagada

para onde a luz estava escassa.



A bruma é vazia

e com uivos e grunidos

dos que foram esquecidos.



A bruma anda alí.

A bruma anda acolá,

buscando algo para obscurizar.



Olhos sem expressão

Observando atentamente

a sombra e sua movimentação.



A cadeira balança

para trás e para frente

e velhas molas rangem.



Logo a frente

há um cáctus

que também será seu jantar.



Sem pressa alguma

pois sabe que se correr ou se ficar

o cáctus ainda estará lá.



Logo a seu lado,

esta Barnabé-o cão.

Tentando compreender

o velho homem e sua reflexão.



Por sobre o papeito da varanda

Vê tudo que precisa para viver;

madeira, água, vento, fogo , e terra.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Os equivalentes



Estou perdendo a sanidade
de novo
outra vez
e de novo.

Sinto meu peito
rasgar outra vez
quase sempre
e dessa vez não é alucinação.

Liguei o rádio-gravador
e ninguém disse nada.
o horror de não escutar
e só os surdos sabem como é.

Só consigo ver guerra
entre a chaga que fui
e esse pedaço de culpa
absoluta que sou.

Caminhei só pelas ruas
tentando ver algo
que procuro a tempos ídos
na outra margem da calçada.

Me pergunto agora
por que esta maldita loucura
só te toma um pedaço;
porque não tudo enfim?

É como aos poucos
uma doença real
que te faz definhar
e te deixa assistir-se.

Não faz diferença
se morrerei a cinquenta anos.
O dia de hoje
é o único que importa.

Faz diferença
se morrerei louco
ou por completo,
ou pela metade.

E lá fora
guerras acontecendo
e o petróleo queimando
e o meu ódio aumentando.

Me desculpe pai
mesmo sendo um bastardo
meu ódio me alimenta
e isso eu não queria.

Quanta lamentação
escuto o dia todo
sobre pessoas que não se vêem
e sobre pessoas que não te vêem.

ÉSSE O ÉSSE.
Tem alguém aí?
O navio está afundando
e não há colete.

Quantos S.O.S você já recebeu
E jamais respondeu
por pensar que ajudar é inútil,
que não responderiam ao seu?

Estou me afogando
num mar de falsidades
preso a uma âncora
que me leva mais ao fundo.

Estou sendo apedrejado
em praça pública
E não posso negar:
também carrego pedras nas mãos.

Apenas uma vida
não será o bastante
pra viver um amor
mas acho que vou tentar.

Não sou convencional.
A órbita de meu planeta
está em rota de colisão
direta com o seu.

E depois
é só poeira cósmica.
E a demais
é só confronto de égos.

Quem será o vencedor
nesse duelo de armas cégas?
Será mesmo verdade
que não há vencedor na guerra?

Me desculpe pai,
mas existem indagações
para as quais simples cogitações
não servem [ou servirão]de resposta.

Todos já partiram
e ainda estou aqui
paralizado na platéia
sem entender a encenação.

A atriz atuou.
A platéia aplaudiu de pé.
Mas em algum trecho
perdi o fio da meada.

As vezes sou assim.
O Pai explica
e o filho não entende.
Será que ele escutou?

Mais tarde, penso
aquelas orientações
podem fazer falta.
[claro]Tarde demais.

E se meu peito rasga,
me sinto enjoado,
a visão embaça,

não sei como parar.

Me eleva aos céus,
arremessa ao chão,
de mãos dadas com o vazio
prossigo rápido com lentidão.

Trinta dias
para se apaixonar.
Doze meses
para desapaixonar-se.

E com sorte
Não será um velho
que jamais esqueceu
do amor da juventude.

E sem sorte
você será um jovem
que jamais esquecerá
o amor da juventude.

Os caminhos são confusos.
Quando penso que acabou
e parece ser o fim
a surpresa me afronta

Quanta audácia
nos olhos do garoto
quando sem pensar
beija o rosto da menina.

Parece que não
mas o mundo confabula
como nas fábulas
a favor do mocinho.

Talvez não.
Posso estar errado.
Mas quando te olhei
você olhou de volta.

Naquele instânte
que pra você
não foi importante
você olhou de volta.

Contruí um castelo
de cartas de valete
sobre aquele instânte
em que você olhou de volta.

O amor é como
um fato que você conta
à inumeras pessoas
sem saber ser real.

Quando grito é real
e quando choro também.
Quando susurro é mentira
e quando sorrio também.

Ossos do ofício.
Mas verdade seja dita.
É o princípio do diálogo
e o inicio da irracionalidade.

Não me surpreende
se você cortar os pulsos.
Me surpreenda então
dizendo que errou.

Por mais que doa
o dia sempre volta.
Por mais que fuja
amanhã é outro dia.

E não importam
os erros de todos
ou os acertos de um
o dia sempre volta..

..carregado das ambições
ilusões e desilusões
luxúria e banalidade
loucura e sobriedade.


Este poema eh ou não eh um preludio da insanidade amigos?

sábado, 3 de janeiro de 2009

Ai vai uma curtinha mas bonitinha..

Constância

Te penso
Te vejo
Te quero
Te vejo chegar
Te odeio
Te adoro
Te imagino
Te peço
Te prendo
Te reconstruo
Te enxergo ali
Te fortaleço
Te vejo partir
Te imploro
Te enxergo lá.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Odisséia até o vale de seu coração

Caminhei
-eu acho
até este
vale das sombras.

Sombrio
-nem tanto
como o sol
é para cego.

Depois corri,
corri para seus braços
que já não eram meus.

Abraçei com força
e sem perceber
sem ser abraçado de volta.

Sou cão sem dono
-será?
ao adormecer faminto.

Em minha dispensa
comida e mais comida
é o que não falta.

Ainda assim
sinto uma fome
que não se satisfaz.

Olho para os céus
Olho para baixo
mas não enxergo.

O quê?!

A tênue linha
que todos vêem;
não esta lá para mim.

Mesmo assim,
de uma forma estranha
sinto calor ou frio.

Mesmo assim,
estranhamente familiar
é o ódio para mim.

E as vezes
chego até acreditar
que se trata do oposto do amor.

Perçeba;
-apenas
o oposto do amor.

Porque não então
irmão bastardo
do amor?

Pessoas vivem
-puramente
pelo ódio.

Pessoas morrem
-incompreensivelmente
por amor.

Quem fala a verdade?

Quem mente?

Se a verdade
não é toda verdadeira,
Porque a mentira
é toda mentirosa?



II
Se olhar para o céu,
verei que ele é azul.

Se olhar para o sol,
meus olhos cegarão.

Se olhar para você,
estarei a meio passo.

Se olhares para mim,
estarás a meio passo.

Se nos olharmos
estaremos a um passo.

Senão
estaremos nos encaminhando
a um final bem mais rude.

Senão
o verão será gelado
e o inverno será florido.

E apesar de todas as certezas,
não saberei ao certo
se você já me detesta.

É tudo sobre você.
Tudo sobre seus lábios,
tudo sobre meus ombros.

Tudo tão relativo a se você
aceita ou não aceita
meu incondicional amor.

E em pensar que você
lembrou de mim apenas uma vez,
e esqueceu em todas as outras.

Penso,
se não é desleixo meu
te amar como eu amo.

Enquanto eu fui
seu pano de chão,
você foi meus lençóis.

Dizem os sábios,
que fui o que fui
por que quis ser.

Mas os sábios
que contam estrelas
e espantam anciões..

Estes sábios
jamais em suas vidas
tocaram tua pele.

Por isso eu os perdôo,
mas também confesso:
eu também jamais toquei...

Mas em sonho,
acho que em todos
já sequei suas lágrimas.

E após tanto tempo,
sei que é natural
que venha o esquecimento.

E me pergunto;
quantas lembranças
você ainda tem de mim.

Nenhuma.

Porque reolvi
que pra lembrar de mim
teria que te esquecer.

Mas{talvez},
-felizmente
é uma palavra caprichosa.

Talvez você me esqueça..
Talvez todo dia se lembre,
enquanto tenta me esquecer.

Talvez doe um rim.
Talvez case de novo.
Talvez me de seu coração.




III
Minha mente é lucida,
mas minha alma,
quem sabe..(?)

Meus punhos cerrados
e a areia como testemunha
de que eles sangram ao chão.

E em bem pouco tempo
todo esse ato irracional
transforma-se-a em verdade.

Porque a maior prova
da existência de algo
é sua total negação.

Enquanto você se debater
na trama que fiz
nâo se libertará.

Portanto,
se você parar
sei que estará livre.

No entanto
nós dois sabemos
que seu desejo é incerto.

Também estou preso
a essa tal trama
-só queria que soubesse.

E convulsivamente
também me debato;
sem chance de liberdade.

Sei que se pudesse..
nem ligaria paraisso,
assim como eu.

Se pudesse..
ah,mas não pode;
não nessa vida.

Se é presunção minha,
também é sua
pensar que pode dar-me as costas.

Pensei em conclusão.
Mas como concluir algo
que não quero que acabe.

Pois enquanto eu contava
as ondas na praia
elas também me contavam algo.

Me diziam que
você jamais me esqueceu
desde aquele tempo.

Ainda que eu lamente
aquilo que hoje afirmo,
deixo atestado nestas linhas.

E vou continuar
entre um soluço e uma lágrima,
a dizer que te adoro.

Não como adoro chocolate,
ou o nascer do sol,
mas sim como adoro a um deus.

Pois ja disse:
Você me deu a vida
e pode me tirar a mesma.

Com um pensamento
você me tira do inferno
e me coloca no céu.

Com um gesto inconsequente
e mais consciente que tudo
você ja fez bem mais.

Procure se lembrar,
pois eu lembro
todo e cada dia.

É razoável
-não é?-
que você se lembre.

Já que mudou tudo
de um para sete,
de água pra vinho.

Me fez querer viver,
me fez querer morrer,
me fez não querer nada.

Nada além de tudo.
Tudo que eu poderia ter
para chegar até você.

Por essas e outras
-tantas outras
você me assusta.

Me assusto
com o quanto
faço por você.

Me alucino
ao pensar em teu beijo,
mais do que com anfetaminas.

Cerro os dentes
me doem os molares;
eu não me importo.

Não permito que mais ninguém
-ninguém de carne e osso
se aproxime de mim.

Espíritos das árvores.
Espiritos vagantes na brisa
venham a mim.

Mas não quero
ser tocado por ninguém,
a não ser você.

E quero saber por que,
se o amor é o mesmo,
as reações nâo correspondem.

Será porque
você jamáis viu
o nascer do sol?

Será porque
somos tão parecidos
que acabamos sendo diferentes?

E o mar,
e o vento,
jamáis te disseram algo?

Porque
caso você não sáiba
eles também falam.

Do retorno das áves marítimas,
dos infelizes afogados,
das náus em suas águas.

Da curva entre lá e acolá
dos telhados arrebatados
das lágrimas que já soprou.

Algumas destas
que de seu rosto rolaram
que de meus lohos sairam.

Ou então,
diga que é mentira
continue a debater-se.

Eu não me importo.
Já morri cem vezes
e vivo apenas uma.

Escolha as palavras
que mais me magoariam
e as desfira em meu peito.

Que irei escolher
as palavras mais amáveis
para te dizer..

Que viver para sempre
pode ser o calvário
se for sem você.

Que quando olho
em seus olhos castanhos
todo o resto parece em preto em branco.

Que não passo mesmo
de um homem moribundo
de tanto amor.