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sábado, 25 de abril de 2009

Fone de ouvido


Deito-me
e fico a pensar.
Me afugento de mim
pois o sono
ja não tarda 
e quer chegar.

Enquanto que
os mais clichês 
de todos os desejos
ressoam
aqui dentro
[e aí dentro]

Enquanto se aproxima
madrugada fria
parece não passar o tempo
nessa cama onde há um 
e queriamos houvessem dois
e por isso está vazia.

Deito-me
e fico a sorrir muito.
Me aproximo de você
que só está aqui dentro
e em nenhum outro lugar
estaremos hoje então.

Você não pode me ver
mas pode me escutar.
Você está aí longe
só posso ouvir tua voz
e prometer
assim mesmo te encontrar.

Encontrar-te
então eu vou.

Você não ppode ver-me
mas pode me escutar
você está tão longe
e promete
assim mesmo me beijar.

Juntos falariamos
de toda cumplicidade
em nossos banais assuntos.

II

Queria que
de alguma forma
podesse não querer.

Portanto não desejaria
toda a solidão
que sinto sem você
e que faz ver o sol
aqui longe de você
e como assim posso crescer.

Queria que
você podesse querer
que eu não lhe quizesse.

E dessa forma
não haveria esse
desejo,força e vontade
me impulsionando
a toda alma que
certamente há em você
invadir-me sem se deter.

domingo, 19 de abril de 2009

Sonhei com Atacama


Parte II

E eu
não era católico
não era evangélico.
Não conseguia
ver um tipo de padre
e assim mesmo ficar sério.

Foi quando ví
que havia um padre alí.
Com uma biblia em mãos
dizendo coisas decoradas
com os anos de profissão.

Coisas que
saiam da boca
e que
da forma mais trivial
não vinham do coração.

Dizia que todos
estavam alí reunidos
para despedir-se de mim
e de
meus tempos ídos

Dizia que 
Deus ama
a todos os seus filhos
sem excessão.
Mas até para Ele
eu já disse não.


E em algum lugar
tão alto
que não se pode ver,
só queria Ve-lo
de abraços abertos
pronto pra me receber.

Sonhei
que jogavam flores
sobre meu tumulo. 

Lembrei de
quantas vezes disse
"não" com a boca
e no instánte seguinte disse 
"sim" com meu corção.

E se pudesse
agora dizer algo,
diria "sim"Adeus" e "Perdão".

sábado, 18 de abril de 2009

Sonhei com Atacama

Parte I


Sonhei
que jogavam flores
sobre o caixão.

Lembrei
de quantas vezes
te disse não.

Você bem que tentou
mas mesmo que você queira,
não mereço seu perdão.

Apenas atire flores
sobre o caixão
enquanto lentemente,
torturam a todos
o içando ao chão.

Os corvos
por sobre as tumbas
são testemunhas
de minha culpa.

Eles sabem
que disse "não".
Quando na verdade
queria ter dito "sim".

Quando passou por mim
fingi não te ver.
E depois fiquei olhando
onde na esquina, 
você ia desaparecer.

Quando sorriu 
seu sorriso me ofuscou.
Fiquei enciumado
que
mais alguém te visse
e por isso se calou.

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Essa foi a primeira parte. Amanhã, a segunda. 

sábado, 11 de abril de 2009

Leito


Foi a cama mais confortável 
Lá havia agua e comida.
Mesmo em se tratando
de um ambiente instável.

Lá eu não podia ver
quase nada, mas
adorava mesmo quando o teto
era tocado por aquela mão pesada.

Afinal
eu não sabia
de onde vinha
ou pra onde ía.

As vezes 
toda a casa tremia,
mas eu tinha sorte
comigo nada acontecia.

E o mais estranho
era como eu me alimentava.
Era por uma mangueira que
à alguma coisa me ligava.

Tudo era tão delicioso!
E eu podia escolher...
Se queria areia com bacon
vinha pelo tubo a descer.

Mas algumas vezes
era como uma maquina
de refrigerante estragada.
E quando não vinha o que
eu pedia: eu chutava.

Até que ele chegou.
E eu nem sei quem era.
Me arrancou daquele lugar:
Que hotel 5 estrelas que era!

E aquela palmada?!
O que eu fiz pra merecer?
Se era a conta de estadia,
eu pagava quando tivesse de ser.

Foram os momentos 
mais terriveis
de minha até então
curta vida.

Eu tateava,
mas não achava
caneta ou talão de cheques.
Na verdade
eu nem estava com uma calça!

Comecei a ouvir vozes
que ao mesmo tempo
vinham de fora e
igualmente de dentro.

Depois 
junto com outros
me colocaram.
E não adiantava chutar,
os caras do serviço de quarto
nunca chegavam.

Mas foi só depois
quando me levaram
para perto daquela
grande circunferência
é que entendi
o que todos os outros bebês
gritavam: mamãe.