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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Agora, só palavras


Nada apaga
a sensação de vazio.
O féu da garganta
afoga o que ainda vive.
Aquilo que um dia
foram belos cisnes
agonizam agora
e tem manchadas suas asas
no sangue de meu peito
que se abriu diante da navalha
à qual sua mão era portadora.

_________._________


Nada volta
nem mesmo um segundo do tempo.
Sabe-se disso com certeza
que a exatidão da ciência
não pode desmentir.
Nem mesmo uma gota
do sangue que já correu
volta a meu corpo.
E as manchas
do sangue morto
são o alimento do corvo.

__________.__________

E nos confins
do vôo do negro corvo
nas confusôes e fusôes
entre eu, você, e todos
formou-se esta tragédia grega
onde não somos deuses
pois não governamos nossas vidas
e onde não somos os mortais
pois governamos outras vidas
com frases sempre impensadas
e outras frases mal compreendidas.

__________.__________

Não importa agora
quantos florões atiram sobre a lápide
pois terminado está o tempo
e há os que dizem que cedo parti
e há os que dizem que fui tarde.
Declarações de amor ou sensuras
não posso ouvir daqui.
Deixem de remexer minhas entranhas
e compreendam que eu morri.
E todos os poemas agora são
de minha mortal alma o clarão.

___________.__________

sábado, 6 de junho de 2009

Atras dos olhos seus


Se você não souber
onde vai parar
com quem mesmo 
que vou poder contar?

Se vc não me guiar
por entre a densa rélva
então como é que espera
que eu saia da sua selva?

Se seu coração
é uma arapuca pra mim
como espera que me solte
se vc é que não quer assim?

Se suas pétalas
não cessam de cair
por que não me liberta
pra que eu vá até aí?

Se a neve está caindo
vamos brincar lá fora.
Mas por favor
só não me peça pra ir embora.

Vamos nos envolver
como quem na dor,
como crianças que somos
nela encontramos o amor.

E é na noite
em que ouço o cantar
destes seres que não vejo
mas que sempre vêm me acalmar.

Lacrimeje de alegria
ao nascer do sol
poe lembrar quem é você
e perceber o que é que é bom.

Me deixe livre dos espinhos
e vou curar suas mágoas 
sem suspiros e com carícias
quero secar tuas lágrimas.

Porque neste momento
um novo dia se aproxima.
E o primeiro raio de sol
é aquilo que me anima.

Logo já não é mais noite
e me descubro flutuando
em uma nuvem de beijos
mas percebo não achar a fonte.

A neve derrete
e com isso formam-se rios.
A noite se foi
mas agora começam os desafios.

É hora agora
de levantar na aflição
e de tentar consertar
tanta coisa errada no seu coração.

A odisséia começa
e você percebe que
nad do que aprendeu
vai te ajudar a sair dessa.

Visitou tantos sábios
e trilhou muitos caminhos
caminhou tanto para perceber
que nossos medos enfrentamos sozinhos.

Nos primeiros passos
o caminho lhe é afável.
Caminhando em seu próprio labirinto
consegue ver o quanto é indecifravel.

Uma viéla após outra
o conduz finalmente
a outro lugar escuro
a outro pedaço do muro.

A luz no final do túnel existe
e disso está consciente.
A luz já esteve em seu passado
e agora está em seu presente.

Com o tempo acaba cansando
sem perceber acaba sentando.
Só aí percebe o óbvio:
O labirinto está te enganando.

Corre para um lado
se debate entre o ar.
Corre para outro lado...
começa a se desesperar.

" Onde estão todos
agora que preciso de ajuda?"
" Se quero tanto gritar,
por que minha boca está muda?"

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PARTE  II  


A neve derreteu
e formou os rios.
A noite se foi
e com o dia,
vieram seus desafios.

Neste momento
o canto das criaturas se foi.
Neste momento
a lua acima também se foi.

O que você quer
é tocá-la uma vez mais.
Tudo o que precisava é que
o relógio voltasse o tempo para trás.

Mais uma vez
percebe o que mais se faz visível.
Que há uma decisão bem a frente
e que agora esta inadiável.

Duas portas surgem 
no escuro labirinto.

Uma das portas
leva a uma larga entrada.
E toda sua bela superficie
é coberta de pedras preciosas cravejadas.

Você nota que
ao longo da larga entrada,
foram colocadas imagens de anjos
e outras belas estátuas.

Depois nota que
outras pessoas vão entrando.
Algumas sorridentes lhe oferecem a vez
enquanto muitas outras vão passando.

A entrada desta porta
todos são gentís sempre,
e querem ver você entrar
mesmo que nenhum deles entre.

No entanto 
você recua um pouco.
Nota que
há uma outra porta ao lado.

Esta porta está fechada
e cada um que entra
por mais rápido que seja
demóra para chegar a entrada.

A estrada até a porta
é toda em linha réta.
As pessoas  parecem exáustas
e entrar parece ser a méta.

O caminho é árduo
de um lado espinhos
do outro labaredas
o lugar é úmido e dá calafrios.

Um passo a esquerda
e cai nos espinhos
e com um passo na direita
arde no fogo das labaredas.

A entrada desta porta
existem poucas pessoas.
Não consegue perceber
se elas são más ou se são boas.

De repente
um passo em falso para a esquerda
e você se sente cair...
a caminhada é difícil  e não céssa.

Uma mão busca a sua
enquanto você
está caindo para a morte.
Se esticar o braço,
não vai morrer.

É a escolha do momento
que fica diante de você.
Mas ninguém é tolo
e você já sabe o que fazer.

Sua mão busca
a mão que veio lhe acudir.
Segurando firme então
você percebe que não vai cair.

Antes que possa agradecer
a pessoa que lhe salvou
você se ve na mesma caminhada
que agora apenas começou.

Sem entender
você recua ao ponto inicial
fico estático entre as duas portas;
"Para onde devo ir afinal?"

...


Se voltar
para o largo caminho
você não vai passar trabalho
e não vai entrar sozinho.

Se voltar
para o caminho estreito,
vai ver que os espinhos vão fundo..
na alma e na vastidão do peito.

O que resta agora
é o que reta a todos;
é parar de adiar a decisão
e não esperar que venha dos outros.

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